terça-feira, 25 de junho de 2013

REFORMA POLÍTICA : DILMA COLOCA NA PAREDE O SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO



E a dinamicidade da luta política apresentou um novo fato. Ontem (24), durante o encontro que manteve com os governadores e prefeitos das capitais, os gestores locais dos recursos públicos, a presidente Dilma Roussef anunciou um “pacotaço” de medidas que jogam no debate a necessidade de reformar, enfim, o esclerosado sistema de representação política no Brasil.
Dilma falando aos governadores e prefeitos : empurrando o sistema político na parede
Além dessa reunião, Dilma se reuniu com representantes do Movimento Passe Livre (PML), de São Paulo, protagonista das maiores manifestações ocorridas recentemente. Reunião em que o MPL ouviu do governo a promessa de meter mais R$ 50 bilhões em projetos de mobilidade urbana.
Reunião com o Movimento passe Livre (MPL)
 E hoje (25) Dilma vai se reunir com os cabeças das instituições. O afobado Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF); o mudo Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado; e o grande “trazedor” de estradas e praças para prefeituras interioranas, Henrique Eduardo Alves (PMDB), presidente da Câmara de Deputados.
Não devemos esquecer, embora a mídia nada fale e as pessoas tenham o costume de lembrar de coisas desinteressantes, que o conjunto dessas reuniões fora proposta no dia 20 por trinta e seis entidades do movimento social e popular[1], no qual chama a atenção da presidente de certas alianças que tem empurrado o Brasil para trás.
É óbvio que sua proposta foi logo questionada pelo tucano Aécio Neves (PSBD) e pelo líder do conservador DEM, José Agripino, que responderam à iniciativa com o velho discurso “emparedador”. “Dilma decepcionou todo o povo brasileiro” repetia o colérico Aécio, esquecendo propositalmente o fato de que foi no período do tucanato que o Brasil mergulhou em uma crise econômica que praticamente o levou a falência em 1998 e 2002 e assustado com a possibilidade de não obter “lucros eleitorais” com a crise.
A proposta da presidente[2] provocou, de imediato reações de alguns juristas que, desconectados com a realidade e ligadíssimos nos seus alfarrábios que tratam do Direito Constitucional, já anunciaram a oposição à principal proposta de Dilma : a REFORMA POLÍTICA. Aliás a mídia, de uma maneira geral, torceu o nariz para a proposta da presidente, talvez por medo de que possamos estar aplicando, enfim, a democracia participativa e se livrando dessa milacria chamada “democracia representativa”, mofada historicamente.
Não que as outras propostas de pacto sejam desinteressantes, mas todas estão, de uma forma ou de outra, condicionadas a um sistema de gestão que se articula via esse modo de representação que privilegia, de forma escandalosa, o poder econômico e a manutenção de um sistema de poder que impede quaisquer avanço significativo nesse país.
Lula tentou isso há sete anos atrás e o Congresso conseguiu enterrar a proposta. E a fala de Dilma já provocou reações, afinal o termo “soberania popular” assusta os clãs e as oligarquias que infestam o setor público e deforma a relação entre o Estado e a sociedade.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), apressadinha em condenar a proposta de Dilma, correu e se articulou com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e lançaram a sua proposta de reforma política[3], que pretende coletar um milhão de assinaturas.
Marco Aurélio Melo, uma das divas do STF, já veio a público para “enquadrar” a presidente e só faltou chamar ela de burra, ao dizer que ela usou “força de expressão” a citar a convocação da Constituinte específica[4]. E o zum-zum-zum encheu as páginas dos jornais online. Especialistas e juristas viraram as novas estrelas do momento e é de se esperar uma enxurrada de programas do PIG que vão, à sua maneira, tentar “explicar” ao “povão” o que é essa proposta e, sem dúvida, detoná-la posteriormente.
Mas há vozes que discordam desse “pânico”. Caso do presidente da Comissão de Estudos Constitucionais da OAB, Walmir Pontes Filho, que considera a questão política do momento mais importante do que mero formalismo, embora ressalte que não deva haver irresponsabilidade[5].
Se é verdade que as ruas ainda demonstram insatisfação de uma classe média que realmente cansou de enfrentar os problemas urbanos de um país que cresceu e integrou milhares de pessoas à condição de cidadãos, também é verdade que as gestões e a infraestrutura urbana permanecem muito distante do mínimo de civilidade e urbanidade.
Parece-me que Dilma, ao encostar o sistema político brasileiro na parede, está abrindo as portas para que, finalmente, o povo venha a participar dos debates, fortalecendo os partidos, sindicatos e organizações de massa e deixando as “viúvas de 64”, os golpistas, os fascistas e toda sorte de elementos provocadores de fora dessa discussão.
Veremos.


[1] Ver em : http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=8&id_noticia=216688
[2] Ver em : http://www2.planalto.gov.br/imprensa/discursos/discurso-da-presidenta-da-republica-dilma-rousseff-durante-reuniao-com-governadores-e-prefeitos-de-capitais
[3] Ver em : http://www.jb.com.br/pais/noticias/2013/06/24/reforma-politica-tem-proposta-de-inciativa-popular/
[4]Verem:http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2013/06/24/interna_brasil,373169/convocacao-de-constituinte-para-debater-reforma-politica-e-inviavel.shtml
[5] Ver em : http://noticias.r7.com/brasil/proposta-de-dilma-para-reforma-politica-divide-especialistas-25062013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por Wellington Duarte. Tecnologia do Blogger.

Tema Original do WordPress. Adaptado por Lissiany Oliveira.