As chuvas que mostraram, mais uma vez,
que Natal é uma cidade semidestruída, em boa medida pelos quatro anos de
desconstrução feita pela “borboleta da destruição”, Micarla de Sousa, à época
efusivamente cortejada como o “novo” pelos clãs que controlam a política
potiguar, e é bom que ninguém esqueça isso, conseguiu maioria nas urnas, no
parlamento e nos corações e mentes de boa parte da nossa sociedade “politizada”.
Os escombros deixados pela gestão não
foram suficientes para a mesma sociedade “politizada” julgar seus apoiadores, e
grande parte deles foi reeleita para o parlamento e como parasitas dinâmicos
que são, já escoraram na nova administração e voltam à sua vida cotidiana :
monotonia e fisiologismo militante.
Na esteira da vitória micarlista, no
primeiro turno, veio o clã Rosado e, apoiado pelos mesmos clãs, venceu as
eleições de 2010 prometendo “muito trabalho” e com o lema "RN Três Vezes Mais Forte". O "trabalho" e a "força" gerou um RN ser devastado pela incompetência dos dirigentes nomeados pela
caneta fisiológica, destruído pela inação e sofrendo os efeitos da aliança
diabólica de São Pedro, que fechou as torneiras e nos mandou uma seca
devastadora, e máquina putrefata que forma o governo do RN, já carcomida pelo
servilismo e incapaz de se renovar eticamente.
Mergulhado numa crise moral, política,
econômica, financeira e de gestão, o RN, que vive de espasmos econômicos e
esperanças em “acontecimento” externo que trarão a “redenção” econômica, como o
novo Aeroporto, que levará o nome de ninguém menos do que Aluízio Alves, cujas
lideranças projetam um “novo RN” a partir desse aeroporto, o que intriga os
economistas mais críticos, já que ninguém em são consciência acha que a
construção de um aqueduto num lugar onde não tem água poderia trazer algum
benefício.
Mas eis que o ano eleitoral chega e os
milagres voltam a fazer parte das promessas e dos devaneios da chamada “classe
política”, que de classe nada tem, e que embebeda, novamente a sociedade com
seus jogos mortais, na construção de coalizões e candidaturas, tão próximas do
povo quanto o Olimpo é dos seus súditos.
O líder maior dos Maia e chefe do DEM,
José Agripino, decretou nesse final de semana a morte da candidatura Rosalba à
reeleição[1] e apontou para algo que
ninguém, a não todo o RN, sabia: ira juntar-se a aliança que se forma em torno
de Henrique Alves, atualmente o homem mais poderoso do RN.
O chororô de Agripino, vendo seu
partido definhar aqui e lá fora, não retira sua força eleitoral, que tem força
mesmo aqui em Natal, afinal reacionarismo e atraso são coisas permanentes numa
sociedade de classes e com a riqueza concentrada. A força de Agripino é
inegável e, por isso, ele se livrará desse “incômodo” chamado Rosalba Ciarlini
Rosado, que caminha para uma saída melancólica do seu funesto governo.
Wilma de Faria, a inegável Fênix da
política potiguar, prepara mais um voo, ungida, novamente, pelos clãs,
responsáveis em outros tempos por sua glória e ostracismo, e o senado parece
ser o local que mais lhe agrada para ver renascer seu poder político. Sua candidatura recebeu força de uma provável aliança de Carlos Eduardo (PDT), com o PMDB, caminho lógico, embora não desejável para quem é progressista, mas enxerga a política como um jogo de necessidades e sobrevivências.
Ao PMDB já se juntaram o PR, de João
Maia, um apêndice dos clãs e o PROS, partido que vai do nada para lugar nenhum
e que serve para abrigar os mesmos que vivem a saltar de sigla em sigla na
busca do seu “cantinho” perto do poder. A aliança “dos de sempre” se impõe e os
que poderiam mudar reviram-se e pinoteiam sem saber o que fazer.
O PT, que lidera a coalizão no Brasil,
mas que aqui vive de esperanças, despedaçado e unido, fracionado e reajuntado,
foi sumariamente escanteado pelo PMDB, que cozinhou a candidatura ao Senado de
Fátima Bezerra, até que ela não serviu mais. Descarte clássico, e o PT
respondeu na correria para encontrar novas esperanças. Encontrou no
defenestrado vice-governador, Robinson Faria (PSD), apoiador de primeira hora
de Rosalba, e pomposamente colocado no limbo pela mesma pessoa que ele apoiara.
A aliança PSD e PT, uma espécie de “casório de rejeitados” tenta se firmar como
uma alternativa e tenta unificar seus quadros para eleger Fátima e pelo menos
manter suas bancadas federal e estadual.
O PCdoB, pequeno no Brasil e minúsculo
no RN, mas dotado de uma força política que não se reflete nas urnas, ficou
feito barata tonta, tentando evitar a ruptura entre PMDB e PT, que é ruim para
o governo nacional, e, diante do quadro consumado, está buscando uma
alternativa para sobreviver nessa avalanche fisiológica.
As candidaturas de Henrique e Robinson
parecem consolidadas, embora o jogo político no RN seja tão forte quanto um castelo
de areia construído num dia de chuva, e o horizonte, antes cinzento, apresenta
grandes nuvens negras.
Sem uma esquerda forte politica e
eleitoralmente, com uma direita sempre firme e convicta de suas aspirações e
força e com uma economia combalida, o que a torna alvo fácil da demagogia dos “politicanalhas”
de plantão, vivenciamos que o tabuleiro de xadrez da política potiguar parece
mexer suas pedras num jogo em que o resultado sempre está acertado.
[1]
Ver em : http://tribunadonorte.com.br/noticia/prioridade-do-dem-e-a-eleicao-proporcional/276788.
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