Passado o processo
eleitoral, é hora do futuro governo de Robinson Faria, botar as barbas de molho
e ter um olhar atento sobre os próximos quatro anos. Ou ele entra para a
história, ou se somará à galeria da mesmice política dos dirigentes do RN.
Robinson Faria (PSD) : alegria da vitória e preocupação com o futuro |
Robinson fará o primeiro ano
de governo com o Orçamento do último ano do governo de Rosalba Ciarlini (DEM), catastrófico
em todos os sentidos, e que já o “amarra” em certas questões sociais e
econômicas, sendo que o espaço de manobra vai ser fazer remanejamento de
despesas, o que precisa de apoio político. A aliança que apoiou Henrique Alves
elegeu 18 deputados estaduais e a que apoiou Robinson apenas 6 deputados[1] e obviamente Robinson terá
que negociar com o todos os partidos, se quiser governar com certa tranquilidade.
E não adianta resmungos da Esquerda porque a democracia representativa é assim.
Quem achar ruim ou vai para um bar e enche a cara de cachaça, de preferência
Pitú ou pula da ponte Newton Navarro.
O Orçamento de 2015 prevê
uma receita de R$ 12,3 bilhões e uma perspectiva de investimentos, que chega a
pouco mais R$ 1,7 bilhão de Reais, bem abaixo do que se prevê para a despesa de
custeio da máquina burocrática, que é de R$ 6,6 bilhões de reais (53,7% da
receita total), ou seja o total dos investimentos representam apenas e tão
somente 27,8% dos gastos com a burocracia e 13,8% de tudo que se arrecada. É
para deixar qualquer novo governante com o juízo quente.
Sem querem tornar a postagem
monótona com uma enxurrada de números, o que Robinson e sua futura equipe terá
que enfrentar é o impasse econômico do RN, que ao longo das décadas vem
sofrendo de uma certa “paralisia”, na medida em que está se descolando do
processo de industrialização que, para o bem e para o mal, é uma necessidade do
sistema capitalista, ou alguém já viu falar de país desenvolvido sem uma
indústria dinâmica?
E não será uma tarefa fácil,
já que o “motor” do RN, parafraseando os chamados “Motores do Desenvolvimento”,
organizados pela FIERN e Tribuna do Norte, que desde 2010, salvo engano, vem
discutindo os rumos do RN, que parecem sem rumo, está emperrado há muito tempo.
Sem uma infraestrutura
adequada, mas principalmente sem nenhum tipo de proposta ousada de desenvolvimento
industrial, típica de dirigentes conservadores, o RN vive de espera. Não há, de
forma efetiva, uma política industrial para o curto, médio e longo prazo
E o cenário é preocupante. A
mesorregião Leste, que engloba a Região Metropolitana de Natal, com 55,6% do
PIB e Oeste, região em que fica Mossoró, com 25,3% do PIB, somam 80,9% do PIB
potiguar, o que indica uma forte concentração na distribuição da riqueza,
restando à região Central, onde fica o Seridó (12,5%) e o Agreste (6,7%), contribuírem
com 19,1% do PIB do RN.
Ocorre que o Agreste e a
região Central são formados por 80 municípios, ou seja, 19,1% da riqueza do RN
é produzida em 47,9% dos municípios, enquanto 80,1% da riqueza é produzida em 52,1%
dos municípios. Acham pouco? Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante
representam nada menos que 46,3% da riqueza produzida no RN, ou seja, 53,7% de
toda a riqueza é produzida nos outros 164 municípios. Se isso não for
concentração de riqueza, rasgo meu diploma de Graduado em Ciências Econômicas e
minha carteira de economista.
As desigualdades espaciais do
RN, seculares, não serão resolvidas em quatro anos ou em quatro décadas, mas se
a letargia dos dirigentes permanecer a mesma, haveremos de ter os mesmos
discursos, os mesmos seminários e as mesmas lamentações.
De uma vez por todas os dirigentes
precisam assumir que a força propulsora do desenvolvimento econômico do RN está
no estado, mas que não se trata de fortalecer o impulso ao crescimento das
despesas governamentais, como forma de melhorar o bolso dos fornecedores, mas
de implementar políticas de investimentos produtivos que integrem a economia do
RN ao Brasil e ao Exterior.
Se Robinson tiver a ousadia
de agir rapidamente, estabelecendo metas de curto, médio e longo prazos, talvez
comecemos a viver, em 2015, o início do processo de desenvolvimento efetivo do
RN e que seja com distribuição de renda, porque concentrado do jeito que tá
agora seria como enxugar gelo..
[1] As
bancadas eleitas são: PMDB-5;PROS-4;PSD-3;PSB-2;SD-1;DEM-1;;PR-1;PDT-1;;PT-1;PCdoB-1;PT
do B-1;PHS-1;PMN-1;PSDB-1.
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